A independência do Brasil

Tenho poucas lembranças de minha fase de criança quando morava em Ipiranga (município de Barra do Corda), mas sempre que ouço o hino da independência (instrumental), me vem à memória aquele lugar.

Deve ser uma parte de minha mente que guardou alguma lembrança deste hino em um determinado momento vivido, ou deve ser apenas delírio mesmo.

Bom, seja qual for a explicação, fato é que esse é um dos poucos momentos de civismo que ainda tenho comigo, tanto é que criei o hábito de sempre ouvir tal hino nesta época do ano à tardezinha no cair da noite. Tradição, apenas uma tradição.

Outra lembrança guardada (desta vez em Barra do Corda) eram os desfiles escolares que passavam em frente à igreja matriz na praça Melo Uchoa. Embora fôssemos “obrigados” a desfilar, me sentia bem em fazer aquilo.

Mas esse espírito de patriotismo pode nos levar a uma espécie de cegueira social.

É tudo muito bonito vermos as paradas por todo o País: aviões, esquadrilha da fumaça, carros blindados e todo o aparato militar para nos mostrar a “grandiosidade” de nossas forças armadas (que sucateadas ou enferrujadas como devem estar) imprimem medo (?) em nossos “inimigos” (talvez em contrair tétano ou alguma outra doença caso não estejam vacinados).

Um dos grandes problemas do Brasil é que os feitos realizados nem sempre correspondem à realidade dos fatos. Pintam e escrevem nos livros a nossa história como se fosse um conto de fadas.

O Brasil se tornou independente de quem? De Portugal? Posso até concordar, mas sempre fica uma cisma que não sai com nada.

Ficamos com a herança maldita do império portugul.Um rei que deixou um legado político que sobreviveu ao tempo.

Hoje não somos mais o Brasil império, mas temos hoje um sistema político vicioso e oligárquico, que traz em suas entranhas o modelo do Brasil colônia: títulos, terra, poder...
Não sabemos mais distinguir o que é um bem público e o que é privado. O Estado estar sendo explorado e isso desde que quando fomos “descobertos”.

O Brasil sobreviveu e ainda sobrevive a essa exploração social e financeira, e o pior, de seus próprios filhos (só se for filhos de uma égua, sem ofensas à égua).

E esse vírus que sobrevive ao tempo com o passar das gerações, atinge até mesmo o mais simples dos brasileiros, quando este olha para o Estado e passa a depredá-lo também.

E aqui cabe o poema de Francisco Alvim que tem como título: “Argumento”, que diz: “Mas se todos fazem”, e essa é a justificativa para todos que querem tirar o pedaço deste bolo que se chama Brasil.

O Brasil foi loteado em capitanias hereditárias durante a sua exploração, digo, colonização, e essa é uma das heranças malditas que ainda temos.

Verdadeiros clãs formados em cada estado brasileiro, e se tornam legalmente habilitados pela “festa da democracia”, e uma vez eleitos não abrem mãos de suas emendas parlamentares para lucrarem com isso (corrupção, desvios de verbas, superfaturamento...).

E com a corrupção impregnada que vem sofrendo ao longo dos séculos, o Brasil agora se encontra na UTI, e se nada for feito temo que, num futuro não tão distante, não tenhamos mais o que comemorar no dia de nossa independência.
         

“Corrupção não é pecado, mas é um sistema político desgraçado e legitimado”. Arnaldo Jabor.

Fonte: TB

0 comentários:

Postar um comentário