PEC 37

“E é intrigante e extrapola as margens da revolta, vermos, 

em cadeia nacional, o sorriso irônico dos ladrões de primeira classe, zombando da justiça brasileira e dizer que tudo o que estar acontecendo vai dar em nada, terminará tudo em pizza como se convencionou”

*Renilton Barros

            Já frisei aqui sobre a frase “Quando os justos se calam, os injustos fazem por merecer a vitória”, e estamos vendo que a injustiça anda a passos largos na nossa sociedade.
            Como proposta do deputado Lourival Mendes do PT do B (e pasmem) do estado do Maranhão, e com o apoio de mais de 206 deputados, a PEC 37/2011, tramita pelos porões do Congresso Nacional e trata sobre a proibição do Ministério Público em investigações criminais (penso que principalmente dos pobres e injustiçados congressistas e seus pares).
            Chegará o dia em que pessoas justas e de boa índole terão a mesma intrepidez e a ousadia de bandidos e afins que, para se protegerem, criam leis em proveito próprio, fazem calar os meios de comunicação, e agora querem podar a área de atuação de um órgão como o Ministério Público.
            Eles estão vendo que os tempos de impunidade e tolerância com crimes de corrupção chegaram a um patamar insustentável. É preciso (como estamos vendo) que os setores responsáveis por essa incumbência (MP/Judiciário) exerçam suas funções e assim mostrem à sociedade que precisamos deles para fazer valer a justiça para todos e não apenas para uma determinada parcela social.
            Deve ser por isso que eles (deputados) estão tão preocupados com os rumos de uma nova era na justiça brasileira, principalmente com o ministro Joaquim Barbosa à frente do STF, e (pelo menos é o que ele tem apresentado à nação), a sua intolerância com bandidos e corruptores que chegam e se instalam na abóbada do governo e instâncias superiores.
            Mas não me permito iludir em pensar que todos que ocupam algum cargo público tenham conduta ilibada ou boa reputação, e da mesma forma como elegemos agentes políticos acreditando em suas vãs promessas e quando lá chegam (Congresso Nacional) mostram pra que vieram (porventura haverá exceções?).
            Pergunto: será que políticos e agentes públicos que não tem culpa no cartório, varas criminais, juizados ou tribunais, teriam medo ou preocupação em serem investigados?
            Tal atitude só corrobora a ideia da presunção da culpa, ou seja, o sujeito já se declara culpado, antes mesmo de qualquer indício de atos ilícitos, bem como todos aqueles que acompanham tal raciocínio.
            Vetar hoje atribuições de um órgão criado para, dentre outras funções, fiscalizar a tudo e todos é porque tem algo podre debaixo dos argumentos, e isso se torna um atentado à democracia, pois se não fosse a atuação do Ministério Público à frente de investigações importantes, muita corrupção e assuntos correlacionados, ficariam à mercê dos próprios lobos em seus próprios covis.
            O mensalão estar aí pra provar que quando se quer limpar o Brasil de certos parasitas é preciso apenas boa vontade e instituições que façam valer a pena a sua razão de existir.
            Se estamos vendo a justiça aplicadas a todos independentemente da cor do colarinho, deve-se às investigações do Ministério Público.
            E é intrigante e extrapola as margens da revolta, vermos, em cadeia nacional, o sorriso irônico dos ladrões de primeira classe, zombando da justiça brasileira e dizer que tudo o que estar acontecendo vai dar em nada, terminará tudo em pizza como se convencionou.
            E ainda querem limitar as atribuições de um órgão como o Ministério Público? Se chegarmos a esse ponto, aí sim, extingue-se a figura de um pastor de ovelhas e lobos é que cuidarão do rebanho que se chama Brasil.

Do: TB