O PMDB realizou nesta sexta feira dia 30de outubro de 2015 sua convenção regional, que confirmou a continuação do senador João Alberto no comando e, pelo menos até aqui, permanece como o maior partido do Maranhão, apesar da dura derrota que sofreu nas eleições de 2014. Ao mesmo tempo, o partido começa uma nova etapa da sua trajetória embalado também pela tensão causada pela crise decorrente da tentativa do ex-deputado Ricardo Murad de chegar ao comando partidário com uma chapa que, devido a irregularidades alegadas, acabou indeferida. A força de João Alberto dentro do partido foi confirmada: dos 175 líderes pemedebistas aptos a votar, 132 – o equivalente a 75% do eleitorado – compareceram à convenção e todos sufragaram a chapa liderada pelo senador. Entre eles, nomes de peso do partido como a ex-governadora Roseana Sarney, o senador Edison Lobão, o deputado federal João Marcelo, o deputado estadual Roberto Costa e o suplente de senador Lobão Filho, que mais uma vez confiaram o comando do partido ao presidente.
Do ponto de vista político, o PMDB sai dessa convenção como um partido forte, muito organizado, mas com fissuras internas que só poderão ser fechadas num grande processo de reconciliação e entendimento. Do contrário, a agremiação corre o risco de entrar num processo de autofagia que poderá levá-lo a um grave enfraquecimento. Essa ameaça à unidade partidária ganhou forma na maneira dura e agressiva com que o ex-deputado Ricardo Murad, derrotado, se manifestou ontem em relação à convenção – ele chamou a reunião partidária de “missa de sétimo dia”. Outro sintoma foi o provocador discurso do deputado federal Hildo Rocha, feito quando os votos já estavam sendo conferidos – ele criticou o grupo e disse que vai continuar brigando na Justiça para desfazer o processo eleitoral. Foi rebatido no ato pelo deputado estadual Roberto Costa e deixou a sede do partido implacavelmente vaiado.
Para muitos incentivadora discreta do projeto de Ricardo Murad de tomar conta do partido, e para isso teria avalizado a movimentação do deputado federal Hildo Rocha, que reza na sua cartilha, a ex-governadora Roseana Sarney foi à convenção, respaldou a chapa única, mas deixou claro que quer um PMDB mais agressivo em relação ao governo Flávio Dino (PCdoB). Ou seja, quer que o partido atue na polêmica linha da deputada Andrea Murad – obviamente traçada pelo ex-deputado Ricardo Murad – de atacar todos os dias, todas as horas e em todos os discursos, independente da consistência do argumento usado para atacar. O recado foi endereçado aos deputados Roberto Costa – que lidera o partido na AL com equilíbrio -, Nina Melo e Max Barros, que raramente se manifestam em relação ao governo.
Se tal situação coloca o comando partidário em estado de alerta, cria também graves dificuldades para o ex-deputado Ricardo Murad. Sem um grande acordo interno – que é defendido por vozes mais moderadas como o senador Edison Lobão e o próprio ex-presidente José Sarney -, Murad tende a ficar isolado dentro do partido, sem margem de manobra para viabilizar seus projetos, como o de ser o candidato do partido à Prefeitura de São Luís. Para alguns observadores, ele poderia até ganhar o apoio do partido para entrar na briga na Capital, mas sua primeira exigência foi a de que lhe fosse entregue a presidência do PMDB de São Luís. Não conseguiu e a partir daí declarou guerra ao comando partidário.
Depois do que aconteceu por causa da convenção, poucos são os que apostam num acordo. O comando partidário liderado por João Alberto dificilmente baixará a guarda para qualquer projeto que envolva Ricardo Murad. E pelo mesmo motivo, parece difícil que Murad se desarme para sentar numa mesa de conversações de paz com a direção pemedebista. Mesmo que essa negociação venha a ser articulada por José Sarney. Vale dizer que ele tentou acalmar as coisas nos dias que antecederam a convenção, mas Ricardo Murad não lhe deu ouvidos, preferindo manter a estratégia do combate.
Reeleito, o senador João Alberto disse que não quer confusão e que sua preocupação agora é preparar o PMDB para as eleições municipais.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Edmilson Moura.
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