E o por que você só conhece 2 dos 31 candidatos à presidência dos EUA
No dia 8 de novembro os americanos irão às
urnas escolher seu novo (ou sua nova) presidente, finalizando uma
corrida eleitoral que se iniciou ainda nas primárias, aproximadamente 21
meses antes da votação, em uma das disputas mais longas da história dos
EUA.
Nem mesmo a alta rejeição aos dois
candidatos disponíveis serviu para dar maior visibilidade a quem poderia
surgir como alternativa. Em maio, quando a candidatura dos dois já
parecia certa pelas pesquisas, Trump era visto de maneira “fortemente
desfavorável” para 53% dos americanos. E Clinton, por 37%.
Os dois índices superaram o recorde até
então sustentado pelo republicano George W. Bush em 2004, o primeiro a
ultrapassar os 30% de rejeição.
Os EUA contam, hoje, com 29 candidatos
confirmados à presidência além de Clinton e Trump, sem considerar os
outros que não aparecem nas cédulas, mas podem ser opção na hora da
votação. Entenda melhor como isso acontece.
Diferentes formas de se candidatar
No Brasil, para uma pessoa se candidatar a
qualquer cargo eletivo, precisa ser filiada a um partido político
registrado no Tribunal Superior Eleitoral. Essa obrigação não existe nos
EUA, onde há três formas de concorrer à presidência:
* Partido: um candidato
pode ser nomeado como o representante de seu partido como resultado da
votação das primárias. É o caso de Clinton e Trump, mas existem outros.
* Independente: um
candidato que não é filiado a nenhum partido mas quer que seu nome
apareça na cédula de votação. Para isso, precisa coletar assinaturas de
apoio. O número necessário de assinaturas varia em cada Estado.
* Write-in: candidatos
cujos nomes não aparecem na cédula, mas que podem receber votos caso o
eleitor escreva seu nome no papel a ser depositado na urna.
As diferentes opções de candidatura permitem que uma variada gama de personagens se candidatem ao cargo.
As diferentes opções de candidatura permitem que uma variada gama de personagens se candidatem ao cargo.
Basta que o interessado preencha os
formulários exigidos pela Comissão Eleitoral Federal. Alguns deles
participam do pleito de forma séria, enquanto outros são mais
anedóticos.
A votação presidencial nos EUA é dividida por Estados, e cada unidade da federação tem uma legislação eleitoral diferente.
Com isso, uma pessoa pode conseguir
cadastrar sua candidatura em um Estado, mas não conseguir em outro.
Portanto, se não cumprir os requisitos de candidatura no Texas, por
exemplo, não pode receber votos por lá.
Nesta eleição, apenas três candidatos
conseguiram registro em todos os 50 Estados americanos e poderão ser
votados em todos eles - Clinton, Trump e Gary Johnson.
Mas existem ainda outros 28 candidatos que podem ser votados em pelo menos um Estado, totalizando 31 nomes na disputa.
Há ainda uma lista com mais de 500 outros
nomes que entram no caso de “write-in” em pelo menos um Estado. São
nomes que cumpriram somente parte dos requisitos exigidos. Podem ser
tanto independentes quanto de partidos pequenos locais.
Dessa forma, eles não terão seus nomes
escritos em nenhuma cédula do país, mas poderão receber votos no Estado
onde cumpriram parcialmente as exigências eleitorais. Nesse caso, quem
for votar tem de escrever o nome do candidato na cédula.
Fatores que impedem terceiros de competir
Visibilidade - A presença
nos debates é definida pela popularidade apontada em pesquisas
preliminares. Os candidatos que não são nem democratas nem republicanos
dificilmente têm representatividade expressiva nas pesquisas nacionais.
Com isso, ficam fora dos debates. Fora dos debates, têm menos
visibilidade, criando um ciclo difícil de superar.
Permissão para ser votado
- Cada Estado tem suas próprias regras eleitorais. Por isso, um
candidato a presidência precisa se adaptar a todas elas individualmente,
o que custa muito caro. Caso não o faça, não poderá ser votado em
alguns Estados, praticamente anulando suas possibilidades de ser eleito.
Falta de estrutura -
Mesmo quem tem dinheiro, não tem tamanho. O milionário ex-prefeito de
Nova York, Michael Bloomberg, pensou em se candidatar em 2016. Mas, ao
perceber que seria impossível competir com os dois grandes partidos em
todos os Estados, achou melhor não entrar na briga, uma vez que com
certeza não seria eleito, e ainda poderia ajudar a eleger Trump tirando
votos da Hillary.
A situação de Bloomberg não é nova. Em
2000, por exemplo, muitos atribuem a vitória de George W. Bush à
presença de Ralph Nader, do Partido Verde. Com uma campanha forte, ele
teria acabado “roubando votos” do democrata Al Gore, permitindo que Bush
vencesse em Estados mais importantes.
Por Edmilson Moura.
Fonte: Do: Nexo Jornal
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