BRASÍLIA - Recém-empossada presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou a
intenção do partido de procurar órgãos internacionais caso o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impossibilitado de disputar
as eleições de 2018. O petista é réu em processo na Justiça Federal do
Paraná e, caso haja uma condenação em segunda instância, ele será
declarado ficha suja.
Segundo Gleisi, uma eventual
condenação pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso do
ex-presidente, seria uma decisão política e, por isso, o partido não
reconhecerá.
"Não vamos aceitar uma condenação sem
fazer questionamento político. Vamos fazer denúncia internacional,
mobilização, não vamos reconhecer. Esperamos que o Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4) tenha com Lula o mesmo tratamento que teve
com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Não há nenhuma prova que
incrimine o ex-presidente Lula. A decisão do juiz Sérgio Moro é uma
decisão política", disse Gleisi em entrevista durante encontro do
partido em Brasília.
Lula é réu em cinco ações, duas delas na
Operação Lava Jato, sob responsabilidade de Moro. Na primeira delas, é
acusado de omitir a posse de um tríplex no Guarujá, no litoral de São
Paulo. O imóvel, segundo sustenta o Ministério Público, foi doado como
forma de propina.
Direção. O PT se reúne em
Brasília para escolher a nova composição do seu Diretório Nacional. No
encontro, o partido também reafirmou sua posição de não concordar que o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma a Presidência da
República em caso de afastamento de Michel Temer. Segundo Gleisi, a
única alternativa para o partido é a convocação de eleições diretas.
"Desde já, se tiver qualquer situação que
envolva um governo indireto, será fora esse governo indireto também.
Avaliamos que trocar um golpista por outro não tem diferença alguma.
Ambos tem responsabilidade pelas reformas que estão sendo votadas no
Congresso e não serão reconhecidos pelo PT", afirmou ela.
Ela cobrou que integrantes do PSDB também
se juntem ao movimento por eleições diretas após o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso defender a antecipação da disputa eleitoral de
2018.
"Espero que o PSDB possa se alinhar ao FHC
e assine a PEC que defende a eleição direta. Se vai desembarcar do
governo Temer, que pelo menos tenha uma posição mais honrosa", disse
Gleisi.
Aécio. A nova presidente
do PT afirmou que vai aguardar uma decisão judicial sobre Aécio Neves
(PSDB-MG) antes de tomar qualquer nova medida contra o senador. O tucano
escapou de ser alvo de um processo de cassação após o Conselho de Ética
do Senado arquivar representação contra ele protocolada pela Rede e
pelo PSOL.
"O arquivamento, infelizmente, nós
perdemos. Já havíamos nos posicionado, feito recurso. Votamos contrários
ao arquivamento deste caso e perdemos. Vamos esperar uma decisão
judicial agora", disse Gleisi.
Por 11 votos a 4, a maioria do Conselho de
Ética decidiu não levar adiante o processo contra o tucano. Questionada
se houve alguma ameaça para que o PT não ajudasse a levar o caso
adiante para evitar também ser alvo de representações, Gleisi disse "até
ter ouvido algo a respeito", mas minimizou um eventual processo.
"Particularmente não vejo problema nenhum.
Quem achar que tem que entrar com ação no Conselho de Ética que entre",
disse a senadora, também alvo da Operação Lava Jato. Estadão
Edmilson Moura
0 comentários:
Postar um comentário