Do: Congresso em Foco
Primeiro
na linha de sucessão presidencial após o impeachment de Dilma Rousseff,
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é proprietário de um
escritório que foi utilizado por cerca de quatro anos pela Odebrecht,
cujo “Departamento de Operações Estruturadas” distribuía propina e caixa
dois para dezenas de políticos importantes – e, segundo delação de
executivos da empreiteira, tinha o deputado entre os beneficiários,
identificado como “Botafogo” nas planilhas de repasses ilegais.
Atualmente, o escritório de Maia, que se diz “leal” ao presidente Michel
Temer, é ocupado por uma empresa do BTG Pactual, recentemente envolvido
em escândalos de corrupção. As informações são do site The Intercept
Brasil.
A
reportagem, assinada por Breno Costa e Lúcio Lambranho, lembra que
tanto a empreiteira quanto o banco “ganharam destaque nas páginas
políticos policiais nos últimos anos, na esteira de uma profunda e
bilionária relação com o poder público”, e que o próprio uso do
escritório pode representar conflito de interesses. O site diz ainda que
a sala ora utilizada pelo BTG Pactual tem aluguel estimado em R$ 15 mil
mensais, com base nos preços atualmente praticados pelo mercado.
O
apelido dado a Maia por delatores da Operação Lava Jato não por acaso é
o nome do bairro em que o escritório está localizado e do time de
futebol pelo qual Maia torce. Com endereço na Zona Sul do Rio de
Janeiro, onde também está sediado o Botafogo de Futebol e Regatas, a
sala que serviu de base para a filial da Odebrecht e, hoje, do BTG
Pactual “tem cerca de 300m², está bem conservada e fica no penúltimo
andar de um prédio comercial antigo de Botafogo, o Edifício Santo
Eugênio, na Rua Voluntários da Pátria, uma das mais movimentadas da
cidade”.
A
reportagem informa ainda que o ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual
vereador do município, Cesar Maia (DEM), pai e mentor político do
deputado, manteve registrada no endereço, nos 1990, a Factóides &
Factóides Promoções e Marketing, empresa em sociedade com a mãe e uma
irmã de Rodrigo Maia. Mas naquela década a sala ainda não havido sido
comprada pela família, o que só aconteceu em outubro de 2002 (confira a
certidão de registro do imóvel).
Ainda
segundo a reportagem, em julho de 2004 a Construtora Norberto Odebrecht
S/A, sediada na Praia de Botafogo – um dos locais mais valorizados do
Rio de Janeiro – fez o registro de mais uma filial junto à Receita
Federal. No cadastro de imóveis, o endereço foi justamente a sala
comercial de Cesar Maia, então prefeito da capital fluminense.
“Maia,
o pai, também tinha apelidos especiais na planilha da Odebrecht,
divulgada neste ano: “Déspota” ou “Inca”. O filho é investigado em dois
inquéritos da Lava Jato por suspeita de caixa dois e lavagem de
dinheiro. Em um deles, ex-executivos e diretores da Odebrecht afirmam
que o deputado recebeu R$ 100 mil da empreiteira, em outubro de 2013,
para ajudar na aprovação da Medida Provisória 613, que atendia a
interesses tributários de uma das empresas do grupo Odebrecht, a
Braskem. Em outro, é investigado por receber ilegalmente da empreiteira
R$ 350 mil em 2008, supostamente para financiar campanhas eleitorais de
candidatos do DEM no Rio de Janeiro”, acrescenta a matéria.
Foto:
Rodrigo Maia no evento “Reforma Política Já!, realizado na Fiesp, em
São Paulo, em junho de 2017. Suamy Beydoun/Agif/Folhapress
Edmilson Moura
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