Nos Estados Unidos, a maioria dos veículos de comunicação assume posição partidária. O respeitado The New York Times frequentemente declara apoio ao candidato democrata à Presidência. Essa predileção não tira credibilidade do jornal.
Entre as emissoras de TV, a Fox News, que tomou da CNN a liderança entre os canais de notícias, tem uma posição conservadora e de direita, com explícita identificação com candidatos republicanos.
No Brasil, a imprensa não costuma declarar ideologia política, ainda que a linha editorial de alguns veículos seja facilmente identificada mais à esquerda ou à direita. Os canais parecem temer a acusação de falta de imparcialidade na cobertura do noticiário.
Mas há âncoras, apresentadores e comentaristas menos preocupados com essa postura politicamente correta. No momento, alguns se destacam pelas críticas à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente Lula e ao PT.
Danilo Gentili – O apresentador do The Noite, no SBT, sempre faz comentários contra a esquerda e a gestão Dilma. Em junho, sua sátira da entrevista da presidente a Jô Soares teve milhões de visualizações no Facebook e no YouTube. Na montagem, ele assume o lugar de entrevistador e faz ironias subvertendo as respostas da petista. Chama a presidente de ‘senhor presidente Dilma’, insinua que ela é ateia e debocha da vida sexual da petista.
William Waack – Enquanto o Jornal Nacional, sob o comando do apresentador e editor-chefe William Bonner, parece ter atenuado o tom crítico a Dilma, o Jornal da Globo prossegue com opiniões ácidas sobre a presidente. Em seus comentários, o âncora expõe a desaprovação do ‘estilo Dilma’ de governar. Em seu programa de debate na GloboNews, o Painel, ele sobe o tom e é ainda mais crítico.
Ricardo Boechat – Aparentemente, é o âncora de telejornal com mais autonomia para dizer o que pensa diante das câmeras. Não disfarça a revolta e impaciência com a classe política. Na bancada do Jornal da Band, já enviou um recado à presidente: “Mudar, presidente Dilma, mudar. Esse é o grito das ruas. Parece que a senhora, com todo respeito, ainda não ouviu bem”.
Marco Antonio Villa – É o mais contundente crítico da presidente e de Lula. Toda segunda-feira, na bancada do Jornal da Cultura, da TV Cultura de São Paulo, o historiador lança sarcasmo e comentários explosivos contra ambos. Dilma já foi chamada por ele de ‘incompetente’ e Lula, ‘líder de quadrilha’. Autor do livro ‘Década Perdida: Dez Anos de PT no Poder’ (Editora Record), Villa é defensor do impeachment de Dilma.
Augusto Nunes – O apresentador do Roda Viva, também do canal público paulista, assume a condição antigovernista na TV e nos vídeos produzidos para o site da revista Veja, do qual é articulista. Numa das gravações, o jornalista responde a uma declaração de Dilma sobre suposto golpe para tirá-la do poder: “Golpista é quem usa dinheiro roubado da Petrobras para financiar a reeleição”.
Carlos Alberto Sardenberg – O comentarista de economia do Jornal da Globo insere opiniões políticas em suas análises. Costuma culpar as atitudes (ou a falta delas) do governo Dilma pela instabilidade do mercado financeiro. Em suas avaliações, revela-se um dos mais pessimistas em relação ao futuro do país.
Merval Pereira – Homem forte do Grupo Globo, o jornalista já disse no Jornal das Dez, do canal GloboNews, que Dilma e o PT sofrem de “síndrome do governo fraco” por não conseguirem reverter a crise política e de imagem. Sobre Lula, ele comentou durante a cobertura dos últimos protestos, no dia 16: “O ex-presidente passou muito tempo fingindo que era um grande líder acima das críticas. Agora a realidade o encontrou”.
Terra.
Edmilson Moura.
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