QUE PAÍS É ESSE?": UMA FRASE QUE IREMOS PROFERIR INFINITAS VEZES

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Em 1978, Renato russo compôs a música “Que país é esse?”, que foi gravada em 1987. Mesmo tendo sido composta há 37 anos, a letra da música se encaixa perfeitamente em nosso atual contexto. Para exemplificar vamos utilizar a primeira estrofe e o refrão da canção.

"Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação"

Na primeira estrofe é possível fazer uma analogia com os problemas crônicos do nosso país quando ele afirma que tanto na favela quanto no Senado existe sujeira, ou seja, independe do poder aquisitivo o desvio de conduta existe, pois nas favelas, geralmente habitadas por pessoas pobres, o tráfico e a violência se fazem presente. Já no Senado, povoado por ricos e famílias tradicionais, a corrupção vive impregnada, são inúmeros os escândalos políticos que o Brasil está envolvido.


O trecho “ninguém respeita a constituição” é bastante equivalente com que é presenciado hoje, um ambiente no qual as pessoas têm desconhecimento profundo de seus direitos e deveres, além disso, clamam por métodos que passam longe do que consta na Constituição de 88. Nas manifestações que aconteceram neste ano foi possível ler cartazes com pedidos por democracia através de intervenção militar, outros pedindo o retorno da monarquia. Só para ressaltar, quando existe intervenção militar automaticamente abdica-se da democracia, até porque o Regime Militar pratica formas de governar que usurpam a nossa liberdade, direitos e tudo que conquistamos desde 1985.

A primeira estrofe é finalizada com a frase “mas todos acreditam no futuro da nação”, esse é um pensamento um pouco utópico e típico entre os brasileiros. Um povo alegre e esperançoso que acredita num nosso país que possa vir a melhorar em todos os aspectos, entretanto, a maioria não procura meios para modificar esta situação, onde continuam a eleger políticos corruptos para compor o sistema, sendo assim não tem como haver transição rumo ao alcance de pontos positivos.

Um país que corta pela metade os recursos destinados à Educação, com certeza minimiza as chances de um futuro promissor, até porque já nosso sistema educacional é permeado por mazelas e dentro do pouco recurso que temos ainda retiram 50%, isso torna quase impossível a missão de almejar um futuro de pleno desenvolvimento. Uma nação só é elevada a potência/país de primeiro mundo quando investe pesado na educação, é por meio dela que podemos formar cidadãos críticos-reflexivos com condições de transformar a realidade social do nosso país.

Já o refrão apresenta um questionamento que nos perturbará a vida toda, é a expressão “que país é esse?”.

Sim, essa frase, pelo visto, irá fazer parte do cotidiano dos brasileiros por muito tempo, pois se analisarmos que ela vem sendo proferida desde 1987 e até hoje se faz presente, pode-se, então, afirmar que ela vai se perpetuar entre as frases mais utilizadas por aqueles que não se acomodam com a situação gritante do nosso país.

Afinal de contas, que país é esse onde políticos corruptos são reeleitos?

Que país é esse onde o preconceito vive impregnado em todos os âmbitos?

Que país é esse onde os direitos não são respeitados e os deveres não são cumpridos?

Que país é esse onde o término de um relacionamento ocasiona uma morte?

Que país é esse onde a impunidade impera e a violência substitui a não aceitação?

Que país é esse que a educação não é tida como prioridade?

Esse país é o Brasil e, infelizmente, a mudança desse cenário é mínima e, ao que tudo indica, estaremos sujeitos a proferir infinitas vezes “que país é esse?”.

*Cristiane Lopes é acadêmica do 7º período do curso de Pedagogia - CESB/UEMA. "Educadora enquanto profissão, Psicóloga de coração e Escritora por amor."

Este artigo foi copiado do Portal Castro Digital.

Edmilson Moura.

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