Entrevista: Rio Mearim tem um amigo: Sargento Amorim

O sargento Amorim Garcia, uma vez por semana, nas horas de folga da Polícia Militar de Barra do Corda, pega sua canoa e do porto da Cerâmica começa seu trabalho voluntário, que é retirar lixo do rio Mearim.
Nesta segunda-feira (7), sargento Amorim retirou por volta de 20 quilos do rio numa área de 1 quilômetro de extensão. Amorim retira material que está boiando, também mergulha atrás do material submerso, que é a maior parte. Em 16 anos, o jornal TB calculou que o sargento Amorim retirou 15 toneladas.
Sargento Amorim conta que faz esse trabalho voluntário há 16 anos. Ultimamente ele tem divulgado pela imprensa para atrair mais voluntários, mais amigos do rios. Segundo Amorim já despertou curiosidade, mas ele não tem conhecimento se alguém já faz esse trabalho.
Durante esses 16 anos, Amorim diz que o maior objeto que retirou foi um sofá. Também dois capacetes de motos, duas cadeiras de plástico. Mas o mais difícil foi retirar uma cama de mola das antigas de ferro. Ainda segundo Sargento, o lixo também dá coceira, tem que passar álcool no corpo. E revela que já encontrou por volta de dez corpos boiando no rio Mearim. O último foi em fevereiro deste ano. “É um pouco assustador encontrar [corpo humano] ao amanhecer do dia.
O TB entrevistou Sargento Amorim Garcia, que nas horas vagas é o maior amigo do rio Mearim, também é pescador e faz versos.
- Sargento, quanto tempo o senhor faz esse trabalho?
Amorim Garcia: Comecei em Julho de 1999 sempre com uma canoa que é mais prático, é melhor para você visualizar. Mas só neste ano procurei divulgar pra ver se passaria a ter mais adeptos a causa.
- E já tens algum adepto? Alguém começou também a fazer esse trabalho?
- Sargento Amorim: Pra falar a verdade despertou curiosidade, mas não vi ninguém praticando essa atitude.
- De 1999 pra cá são 16 anos. A quantidade de lixo aumentou ou piorou?
Amorim: - Olha, aumentou muito. Antes era também muitos animais mortos. Sempre no início do inverno [período de chuva de janeiro a março] aumenta muito porque arrasta todos os entulhos para o rio.
- E o que o Sargento faz com esse lixo depois de recolhido? Toca fogo?
- Amorim - Sim é um problema, procuro tocar fogo Mas tenho que separar as garrafas de vidro para enterrar.
- Qual foi o maior objeto que o senhor já tirou do rio Mearim?
- Amorim: Já retirei um sofá. Mas o ruim foi retirar uma cama de mola das antigas de ferro. Já encontrei dois capacetes também. De moto encontrei um tanque enferrujado.
- Alguém segue na canoa com o senhor pra ajudar a retirar o lixo?
Amorim: Não. Eu retiro sozinho há muito tempo, passei a amar a minha própria companhia. Até porque é complicado chamar uma pessoa pra colher lixo no rio
- O senhor já retirou corpo humano?
Amorim: Sim. O último corpo que eu encontrei foi no início deste ano, o cidadão estava aboiando, eu peguei coloquei pra fora do rio, entrei em contato com a DP [Departamento de Polícia] para as providências cabíveis. Mas já encontrei vários. Não tenho a conta exata, mais já encontrei uns dez corpos nestes anos todos. E é um pouco assustador encontrar ao amanhecer do dia.
- Outra curiosidade: Ao recolher esse lixo dentro d'água não há risco de se cortar? O senhor leva remédio consigo para qualquer eventualidade?
Amorim: Se eu lhe falar passei um momento difícil pisei numa tábua de prego furei o calcanhar doía tanto que me deu uma frieza no corpo fui para o hospital Acrísio Figueira, chegando lá umas enfermeiras disseram que o atendimento era em outro lugar, fui lá contei a situação, me disseram que era no Acrísio Figueira, aí fui pra casa sem ser medicado e não tive nada.
- Retirar lixo sozinho pode pode ser muito perigoso, não é?
Amorim: Olha dá uma coceira o lixo, é necessário lavar o corpo com álcool.
- Nossos cumprimentos pelo seu trabalho voluntário, o rio Mearim e todos nós agradecemos.
Amorim: - Obrigado. Mas o rio não é meu, não é teu, o rio é de todos. Portanto, o rio é um bem de domínio público.





0 comentários:

Postar um comentário