Leis: tornam-nos iguais?

“a nossa justiça era, realmente, para fazer uso da venda que se encontra em seu rosto
 e assim não fazer distinção de quem ela julga, mas a julgar pelo que vemos, 
a realidade é bem diferente do discurso. Como explicar que processos contra pessoas de poder aquisitivo maior demoram tanto se comparado com os demais?”


            Ao ler um jornal aqui no DF nesta quinta-feira (23), me deparo com notícias semelhantes, porém, com desfechos diferentes: “TJ aposenta juiz sob suspeita” e virando, literalmente a página, leio: “Assassino pega 18 anos”.
            O que tem em comum as duas notícias? Pessoas que infringiram a lei.
            Na primeira notícia, destaca-se um juiz que é investigado sob suspeita de “favorecimento a traficantes” em processos administrativos.
            Suspeita esta ocorrida há mais de 10 anos e somente agora chegaram a um consenso acerca da sua conduta. Após votação dos desembargadores, o veredicto foi dado, aplicaram-lhe a pena máxima para este tipo de crime na forma de “aposentadoria compulsória”.
            O outro caso trata-se de um homem que matou a ex-companheira no dia 1º de março deste ano e após três meses de julgamento chegou-se à sentença final, ele fora condenado a 18 anos de prisão.
            Não estou aqui defendo um ou outro pelos atos praticados, apenas cito a questão para trazer à tona a forma como a lei é aplicada nos diferentes contextos sociais.
            Sinceramente, causa-me revolta a aplicação das leis neste país. Ao que parece existem duas constituições, dois pesos, duas medidas; uma para os meros mortais e outra para serem aplicadas às camadas sociais mais favorecidas.
            Mas esse tipo de situação é apenas o reflexo do que ocorre na casa legislativa maior. A impunidade rola solta naquela casa, e, de vez enquanto, pegam alguém “pra Cristo” (até agora foram dois: Luiz Estevão e Demóstenes Torres), para, de forma simbólica, satisfazer a opinião pública.
            Essa moralização da casa, na verdade, era para ser regra e não exceção. Mas infelizmente não é que acontece, e entra mandato e sai mandato o enredo é o mesmo. E mesmo que adotemos o discurso da mudança para escolhermos melhor nossos representantes, no final são sempre as mesmas figurinhas repetidas. Porque isso ocorre?
            Estamos ainda no tempo dos coronéis e do voto “cabresto?”, somente assim podemos justificar e entender como alguns caciques e chefões se reelegem ano após ano.
            Mas voltando à questão anterior..., a nossa justiça era, realmente, para fazer uso da venda que se encontra em seu rosto e assim não fazer distinção de quem ela julga, mas a julgar pelo que vemos, a realidade é bem diferente do discurso. Como explicar que processos contra pessoas de poder aquisitivo maior demoram tanto se comparado com os demais?
            E o pior é ver a sentença que cabe a cada um pelos seus delitos. Pelo visto a justiça não é tão cega quanto aparenta ser, aliás, pode até ser que a seja, mas algumas pessoas que trabalham com ela não o são.
            Em permanecendo este raciocínio, nunca seremos iguais perante aqueles que recebem a incumbência de aplicar as leis.


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