As Conseqüências da Compra do Voto, cordel de Francisco Diniz


Quem negocia seu voto
Prega a corrupção, 
Não pode exigir depois
Nenhuma pequena ação
Daquele seu candidato 
Que escolheu na eleição. 

Aquele que vende o voto
Sem saber faz aumentar
A injustiça social,
Pois não pode nem cobrar
Trabalho do candidato 
Depois que este ganhar.

O crápula que compra votos
Do povo não quer saber, 
O que ele pretende mesmo
É adquirir o poder 
Pra roubar dinheiro público
E assim enriquecer.
01

O triste que compra voto
Não tem nenhum compromisso
Com saúde, educação 
Nem quer saber se há serviço
Pro homem trabalhador
Da favela ou do cortiço.

Cidadão que vende o voto
Por carência ou ingenuidade
É vítima dos poderosos,
Que vêm com ar de bondade,
Disfarçados de cordeiros
Pra esconder toda maldade.

Quem oferece seu voto
Em troca de uma vantagem
Contribui para aumentar 
O capitalismo selvagem
Que instalou-se em nosso meio
E é pai da politicagem. 
02

Por isso meu caro amigo
Preste muita atenção, 
No dia que for votar
Não se leve por emoção, 
Escolha quem é honesto,
Quem ao pobre dá razão. 

Quando escolher candidato
Veja bem o seu passado:
Se lutava pelo pobre,
Denunciava o errado,
Se nunca aceita propina, 
Se parece equilibrado.

É preciso estar atento 
Pra não cair em cilada,
Pois de político esperto
A rua está tomada, 
Portanto pense, analise 
O que diz o camarada.
03

Desconfie quando o sujeito
Em tempo de eleição 
De repente fica simples, 
Vai logo dando-lhe a mão, 
Pondo no colo criança 
Dizendo cheio de esperança:
É o futuro da nação!

Cuidado com o camarada 
Que só vive garantindo 
Resolver todo problema, 
Que diz nunca está mentindo, 
Que dá tapinha nas costas, 
Chamando amigo nas portas 
E que só vive sorrindo.

Não se engane com o político
Que vive a prometer 
Emprego e vida fácil 
Depois que ele se eleger, 
Isso é conversa pra trouxa 
Que não tem o que fazer. 
04

Não deixe o seu lugar 
Ser chamado de banal 
E não ser reconhecido 
Por curral eleitoral 
Como quem usa cabresto, 
Pois ninguém é animal. 

Não faça como José, 
Morador da Barra Funda, 
Que dizia: - O meu voto, 
O de Pretinha e Raimunda
É só pra quem tem dinheiro, 
Quem não pensar desse jeito 
Leva logo um pé na bunda. 

Não imite Severino, 
Que no dia da eleição 
Andava com os bolsos cheios
Achando-se com razão 
Para comprar todo o povo 
Que não tinha condição. 
05

Se assim você agir 
Com certeza vai sofrer 
As conseqüências depois, 
O sujeito vai querer 
Recuperar seu dinheiro 
Quando alcançar o poder. 

E logo não vai poder 
Fazer o que prometia 
E se você reclamar, 
Quiser uma benfeitoria 
Depressa ele vai falar: 
- Po'daqui se retirar 
Comprei seu voto, sabia? 

É triste a sina de quem 
Empresta ou vende o voto. 
Joaquim disse: - menino
Eu nunca que me importo 
Com essa tal corrupção 
Quem me pagar na eleição
Viro ateu ou devoto.
06

E chegou um candidato
Dirigiu-se a Joaquim: 
- Dou-lhe uma chapa novinha
Se você votar em mim, 
Compro a de baixo no pleito 
E a outra se eu for eleito 
Espero não ache ruim.

Veja só o constrangimento 
Desse ingênuo eleitor 
Ao saber que o candidato 
A eleição não ganhou, 
Pois ficou sem mastigar 
E muita gente zombou.

Há também quem compre voto 
Por um quilo de farinha, 
Por um par de alpargatas 
Ou até mesmo uma galinha 
Fazendo o povo objeto 
À noite ou de manhãzinha. 
07 

Só que todo o corrupto 
Age bem a qualquer hora, 
Oferece o que tiver, 
Mas cobra juro de mora 
Do povo quando eleito, 
Engana e não vai embora. 

Para que tudo isso mude 
O povo tem que agir 
Em busca de um mundo novo, 
Solução é construir 
A nossa independência 
E sabendo com freqüência 
Político sério exigir. 

Não é fácil a tarefa, 
Mas precisamos tentar 
Porque a corrupção 
Está em todo lugar, 
Para ter um mundo honesto
Fuja de político esperto
E não se venda ao votar!
FIM

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