ETICA ABRE PROCESSO CONTRA CUNHA

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Deputado do PRB antecipou a apresentação do parecer ao colegiado.
Conselho deve analisar no dia 24 relatório sobre presidente da Câmara.
O deputado Fausto Pinato (PRB-SP) – relator do processo que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – protocolou na manhã desta segunda-feira dia 16 de novembro de 2015, no Conselho de Ética, o parecer preliminar do caso. Em entrevista coletiva, o parlamentar do PRB anunciou ter recomendado no parecer que o Conselho dê continuidade às investigações das denúncias em torno do peemedebista.


Fausto Pinato destacou aos repórteres que deu um parecer pela admissibilidade porque, de acordo com ele, "todos os requisitos foram preenchidos" para dar seguimento ao processo.
"A denúncia é apta: há tipicidade, indícios suficientes, por exemplo, a própria denúncia do procurador-geral da República, documentos juntados, o próprio depoimento do [delator] Júlio Camargo, e a fala do próprio Eduardo Cunha na CPI da Petrobras", jusitificou o relator.
Pinato destacou que mandou anexar ao parecer a transcrição do depoimento dado em março pelo presidente da Câmara à CPI da Petrobras na qual ele negou ter contas no exterior. O depoimento é um dos argumentos usado por PSOL e Rede para pedir a cassação de Cunha.
O relator explicou que seu parecer foi embasado no artigo 4º do Código de Ética, já que, segundo ele, há indícios de que Cunha recebeu vantagens indevidas e omitiu informações relevantes.
"Há indícios mínimos de autoria. Estou convencido que preenche todos os requisitos para dar andamento", ressaltou Pinato.
Antecipação do relatório
Pelo regimento interno, Pinato teria até a próxima quinta (19) para entregar o relatório prévio, no entanto, ele decidiu antecipar a apresentação. Ele afirmou estar "convicto" e "com a consciência tranquila" ao decidir pela admissibilidade do processo de quebra de decoro preliminar.
OS PRÓXIMOS PASSOS DO PROCESSO DE CUNHA
1. Após a apresentação do relatório preliminar, os integrantes do Conselho de Ética têm de votar se concordam com a recomendação para que o processo continue sendo analisado.
2. Se aprovada a continuidade do processo, o relator abre prazo de dez dias para a defesa do deputado acusado.
3. Apresentada a defesa, o relator elabora um parecer recomendando absolvição, censura, suspensão ou cassação do mandato.
4. O relatório é votado no Conselho de Ética. Toda a tramitação do processo – da indicação do relator à votação do relatório final – deve durar no máximo 90 dias (descontando-se o período de recesso parlamentar).
5. Se aprovada alguma punição, o processo segue para o plenário. Eventual cassação do mandato precisa dos votos de pelo menos 257 dos 513 deputados. A votação não é secreta.
Fonte: Câmara dos Deputados
"Foi dia e noite de estudos, de forma independente, árdua", disse o relator ao repórteres na entrevista em que confirmou ter recomendado o andamento do processo.
Os integrantes do Conselho de Ética devem se reunir no dia 24 para analisar o relatório do deputado do PRB.
Fausto Pinato, contudo, apresentou nesta segunda-feira um pedido para que o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), antecipe a reunião do conselho para esta semana.
"O Brasil quer, o Brasil precisa, todos nós precisamos de uma resposta. O presidente Eduardo Cunha vai poder apresentar a sua defesa. Quanto mais celeridade, mais rápido vamos dar uma resposta ao país e à população", disse o relator.
Na semana passada, Cunha afirmou que apresentaria até esta segunda-feira sua defesa prévia ao Conselho de Ética. Porém, a assessoria da presidência da Câmara informou ao G1 que ele não conseguirá entregar nesta segunda as explicações ao colegiado. A expectativa é que o peemedebista protocole a defesa até o final da semana.
Indagado sobre a possível antecipação da defesa de Eduardo Cunha, o relator do processo no Conselho de Ética disse que ele não tem obrigação de aguardar as alegações do peemedebista.
"Não fico atrelado à defesa prévia. Se ele [Cunha] tivesse apresentado, tudo bem, mas não iria mudar o meu convencimento", ponderou.
Denúncias contra Cunha
Investigado na Operação Lava Jato, Cunha é acusado pela Rede Sustentabilidade e pelo PSOL – 
autores da representação no Conselho de Ética – de mentir em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando disse não possuir contas bancárias no exterior.
Documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontam, porém, que o peemedebista é controlador de contas na Suíça.
Em entrevista ao G1 e à TV Globo, Cunha negou ser o dono das contas, mas admitiu possuir ativos no exterior que são administrados por trustes – entidades legais que administram bens em favor de um ou mais beneficiários. Nesta terça, o relator do processo de Cunha no Conselho de Ética afirmou que, se necessário, poderá solicitar cópia da gravação da entrevista para embasar seu parecer.
saiba mais
Segundo aliados de Cunha ouvidos pelo G1, uma das estratégias para preservar o mandato parlamentar do peemedebista é postergar ao máximo o andamento do processo por quebra de decoro. A intenção é que a votação do relatório final fique somente para fevereiro do ano que vem, na esperança de que a polêmica “esfrie” e deixe o noticiário nacional.

Do G1, em Brasília
Edmilson Moura

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