O imposto do paletó

 

           Depois de décadas e décadas recebendo o tal “auxílio paletó”, trocando em miúdos: 14° e 15º salário de deputados e senadores, a Receita Federal (somente e tão somente pressionada pela opinião pública), resolveu que vai cobrar o imposto devido desses “injustiçados” brasileiros que não suportam a tão pesada carga tributária, por isso dizem que não é salário, mas sim uma “ajuda” de custo.
            Gostaria de receber, ano após ano, uma ajuda de custo como esta em questão, sem me preocupar com a “mordida” do leão que leva a sua parte do meu bolso.
            Já vimos muitas vezes aqui neste espaço as reclamações dos cronistas e colaboradores falando dos mandos e desmandos de nossos governantes.
            A política se tornou uma espécie de banheiro público, onde, quem nela estar encontra-se atolado até o pescoço, e quem entra corre o risco de se sujar da mesma forma, e quem não quer se sujar é “convidado” a se retirar (vivo ou morto).
            Essa história de salários extras não é nova. Volta e meia o assunto é abordado na imprensa, só não entendi por qual motivo o assunto tomou uma proporção tão grande como agora.
            Porque somente agora a Receita resolver investigar e entrar no mérito da questão se o assunto é tão antigo? E se porventura não houvesse essa denúncia quando o “leão” acordaria?
            Eles nos roubam, mas a culpa é nossa, por constituir um poder que se transformou numa verdadeira instituição do crime organizado e legalmente constituído não para esse fim, mas...
            Mas o povo não tem culpa diriam alguns, pois somos iludidos nas épocas das campanhas, trocamos nosso voto por favores que, na verdade, nada mais é do que obrigação em fazer daqueles que elegemos.
            Mas o fato é que aceitamos tudo isso passivamente, permitimos que nos roubem, aceitamos os escândalos como se fossem cenas dos próximos capítulos nos telejornais, já nem distinguimos o que seja real do imaginário. Vamos cuidar do que ainda temos como nosso.
            Temo que essa passividade nos leve a uma inércia cívica onde o grito de protesto, com o tempo, se cale de vez.
            Devemos exigir moralidade, ética e transparência dos nossos legisladores e governantes e se preciso for, jogar a farinha no ventilador pra fazer acordar o povo que dorme tranquilamente “em berço esplêndido”.
            O mensalão nos mostrou uma prática podre da política, onde vale a máxima de que não se governa se não houver distribuição de renda; não se avança se não houver concessão. O governo tornou-se refém do seu próprio sistema.
            E nessa cadência somos impulsionados de um lado para o outro, subimos (?) descemos, o país regride mais do que avança, porque temos que carregar um peso morto, inútil muitas vezes, que nos sangram cada vez que nos mexemos.
            Vamos instituir um novo benefício aos nossos políticos, chamaremos de: “auxílio paletó de madeira”. 
Do TB

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